domingo, 2 de abril de 2017

Amanhã é segunda...

O que significam “dias úteis” e para que/quem servem?

Exatamente não pesquisei sobre a terminologia da palavra utilidade, nem estou pretendendo no momento. A reflexão me vem à cabeça ao observar o histórico da evolução de horas trabalhadas semanalmente:

No período de 1650-1750, trabalhava-se de 45 a 55 horas na Inglaterra e de 50 a 60 horas na França. No auge do desenvolvimento industrial essas horas sobem para 72 a 80 horas, nos dois países, entre 1750 a 1850. Passando no período 1850 a 1937 para 58 a 60 horas na Inglaterra e 60 a 68 horas na França. (Os dados são de Newton Cunha, em A felicidade imaginada: a negação do trabalho e do lazer).

 Parabéns aos seres humanos, de fato o trabalho dignifica o homem (e o aprisiona!)... bom, nem vou entrar aqui em temas como a reforma da previdência e terceirização total e irrestrita que movimentam o cenário brasileiro da atualidade. O que estou pensando nesta escrita de agora está em:

“Não foi fácil submeter os trabalhadores às longas jornadas e aos rígidos horários, pois a maioria deles não estava acostumada a isto”. 

 A citação acima está no livro Sociologia para o ensino médio, página 55, obra de Nelson Dacio Tomazi, pela Editoria Saraiva. E o não "acostumada" a esta jornada de trabalho significa que antes se trabalhava no campo, conforme o ritmo da natureza (época do ano, clima...).

É possível também imaginar que em razão de trazer essas verdades que disciplinas como sociologia estão sendo retiradas do currículo do ensino médio (que perigo se todos entendêssemos como tudo funciona nessa vida).  Na mesma página do livro acima é possível ler:

“Não se trabalhava nesse dia [santa segunda-feira] por várias razões, mas principalmente porque nos outros dias da semana trabalhava-se de 12 a 18 horas. Havia ainda a dificuldade de desenvolver o trabalho na segunda-feira por causa do abuso de bebidas alcoólicas, comuns no fim de semana. Nas siderúrgicas, estabeleceu-se que as segundas-feiras seriam utilizadas para conserto de máquinas, mas o que prevalecia não era o trabalho, que às vezes se estendia às terças-feiras. Foram necessários alguns séculos, utilizando os mais variados instrumentos, inclusive multas e prisões, para disciplinar e preparar os operários para o trabalho industrial diário e regular”. 

 Talvez, por isso, nunca me esquecerei de uma leitura do ensino fundamental: Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia! De Marina Colassanti:

"A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia".




 

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