domingo, 5 de junho de 2016

Linguística: dia a dia e ciência

Comecei a me interessar mais por linguística. Afinal, linguagem passará a dominar uma porcentagem maior dos meus estudos a partir de agora. Mas antes de ir aos clássicos, por que não aproveitar o que o dia a dia nos oferece?

Depois de mais de ano, concluí a leitura de Cinquenta tons de cinza, na verdade vou ler apenas este exemplar da trilogia de E L James (porque me disseram que é o melhor de todos eles – risos!). E cito este livro aqui porque encontrei uma passagem que me interessa para este post:

Prezado Senhor, 
A língua é dinâmica e evolui. Trata-se de uma coisa orgânica. Não está presa em uma torre de marfim com um heliporto no teto e dominando quase toda Seattle, cheia de obras de arte caras penduradas na parede.

Esse trecho do e-mail é uma resposta de Anastasia Steele a Christian Grey quando ele tenta fazer um alerta a ela de que a expressão “esquisitérrimo” não devia ser usada por alguém que quisesse trabalhar em funções do mercado editorial.

Concordo com Ana Steele, língua evolui, é viva! Em outra troca de e-mails entre os dois personagens do livro, ela incluiu ao que chamaram de “linguística descritiva” entre os limites rígidos do possível contrato a ser assinado entre ambos. No caso, se referiam ao “que se danem” não ser uma expressão muito “educada”.

Vendo esses momentos de troca de mensagens no livro lembrei muito dos debates sobre a imposição de uma gramática distanciada do povo que a utiliza e que não reflete a língua falada até mesmo pelos “altos escalões sociais”. Ao preconceito linguístico que vai se formando diariamente entre nós, diante das pessoas que não seguem “corretamente” o que “ensina a escola”. Isso, por si só já daria um artigo científico, uma dissertação ou mesmo uma tese.

E se nos aprofundarmos, veremos que  diferente do senso-comum, a linguística enquanto ciência não irá ditar normas e regras sobre o bom/exemplar (ou o condenável) no uso da língua. A linguística terá como preocupação descrever ou explicar a linguagem verbal (oral ou escrita). Fica aí a reflexão sobre como tentamos utilizar o nome da linguística no dia a dia, buscando nos amparar num conhecimento que nem nós temos!

Voltemos ao meu blog, que tem pretensões muito mais simples. Como disse no início, me interesso em entender a linguística e seus campos de estudos. O que está abaixo é um apanhado de informações de sites e livros, marcações que deixei caso necessitasse de uma ajuda de última hora. Vamos ao resumo da história da linguística:

A linguística, tal como a conhecida atualmente, é filha de Ferdinand de Saussure. Publicado em 1916, a partir de anotações de aulas reunidas e publicadas por dois de seus alunos, o Curso de linguística geral será responsável à linguagem a forma de uma ciência autônoma, independente. Mesmo a linguística estruturalista sendo criticada por diversas tendências, é certa a sua importância e sua referência obrigatória para qualquer teoria linguística atual. 
Para Saussure, língua é um sistema abstrato, um fato social, geral, virtual. A fala, ao contrário, é a realização concreta da língua pelo sujeito falante, sendo circunstancial e variável. A organização interna da língua seria na teoria saussuriana: sistema, mas que posteriormente será denominada estrutura. Uma das formas do estruturalismo é o formalismo, que objetiva considera as funções desempenhadas por elementos linguísticos, sob quaisquer de seus aspectos: fônicos, gramaticais e semânticos. Dentro da linguística existe grande pluralidade teórica, e isso é importante na medida em que dá ao pesquisador a liberdade de escolher seu objeto teórico – e favorece, também, o desenvolvimento da área, pois somente uma teoria não dá conta de trabalhar com todos os fenômenos linguísticos.  Borges Neto  explica que a “linguagem é um objeto de tal complexidade que todas as possibilidades de abordagem serão sempre parciais”. Ao responder às primeiras questões, o que aparecerá no debate serão as concepções iniciais de linguagem, postuladas pelos filósofos anteriores ao século XIX, como Platão e Aristóteles, quando a “linguística” (entre aspas, pois o que existia eram estudos sobre a linguagem e não uma linguística – ciência da linguagem – propriamente dita) era dividida entre as opções nocional e filológica, desenvolvidas com maior profundidade mais à frente. Depois do século XIX, entra em debate o tópico sobre fazer da linguística uma ciência e o que aparece é a opção histórica, com a linguística histórico-comparativa.  A partir desse breve histórico, o artigo segue o caminho das teorias e seus objetos que estão em concorrência na linguística, passando pelo estruturalismo, com Saussure, pelo gerativismo, com Chomsky, e, finalmente, pela sociolinguística, com Labov, de onde se encaminhará o estudo para a questão da mudança linguística através do tempo.Definição de nocional e filológica: a opção nocional, cujos principais representantes eram Platão e Aristóteles, referia-se ao estudo da linguagem a partir da relação entre som e sentido, ignorando qualquer tipo de variação linguística; já a opção filológica, representada principalmente pelos gramáticos alexandrinos, não ignorava a variação linguística, mas a colocava como desvio, configurando-se, desse modo, possivelmente, como a primeira perspectiva normativa/prescritiva na história dos estudos da linguagem. A linguística se constituiu como ciência, no sentido que a modernidade deu ao termo, a partir dos últimos anos do século XVIII, quando William Jones, o juiz inglês que exercia seu ofício na burocracia colonial em Calcutá, entrou em contato com o sânscrito. Impressionado com as semelhanças entre essa língua, o grego e o latim, levantou a hipótese de que semelhanças de tal magnitude não poderiam ser atribuídas ao acaso; era forçoso reconhecer que essas três línguas tinham uma origem comum. As duas abordagens [de Saussure e Chomsky] são radicalmente distintas em certos aspectos; mas têm em comum a característica da abstração do plano sócio-histórico. A construção de uma ciência não se dá de maneira uniforme e regular ao longo da história. Ao contrário disso, constitui um processo ideológico, filosófico, histórico e socialmente constituído, fruto de uma época, e requer, portanto, um período de testagem, para afirmação ou contestação de paradigmas. Trata-se de um processo dialético cujas investigações em torno de uma verdade exigem uma série de idas e vindas, de entraves e reajustes, para se chegar a resultados realmente confiáveis.Por conseguinte, estudar o histórico da Linguística, desde os momentos em que não passava de curiosidade, ao momento em que se torna ciência e até a atualidade, fornece, assim, uma maneira de pensar e refletir sobre a linguagem. Esta, por sua vez, move o homem, visto que em muito contribui nas relações de poder. Não obstante, esta ciência evoluirá muito mais, dissipando os mistérios sobre ela e tornando-se um universo em que a língua e suas particularidades dominam de forma soberana e singular.A linguagem é a capacidade natural que o ser humano tem de se comunicar, seja por meio de palavras, gestos, imagens, sons , cores, expressões, etc. A língua é o conjunto de sinais que determinadas comunidades usam para se comunicar.Compreender o que é a língua é preocupação de todos os tempos e, mais que isso, a necessidade de conhecê-la não é privativa de professores e filósofos. Trata-se de um fenômeno altamente instigante cuja compreensão está ligada ao desenvolvimento de pesquisas em todas as ciências humanas. 

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