quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O título e a matéria

Fui questionada sobre um título de matéria de algum site rondoniense, que trazia o verbo no presente. Lembrei que já estudei algo sobre a construção de títulos e que o tempo verbal estava correto. Pesquisei mais algumas dicas sobre o tema e acreditei ser interessante deixar registrado aqui no blog. Vamos lá!

Em jornalismo, o básico é escrever com objetividade e com clareza, por isso, indica-se que ao escolher um título para o texto se dê preferência é que o verbo esteja na voz ativa e no presente do indicativo. Ah, e na seguinte ordem: sujeito, verbo e complemento. Tudo bem, os títulos que escolho para meus posts não são exemplo para nenhuma publicação noticiosa, pois normalmente uso apenas uma dupla de substantivos para tentar atrair o leitor.

Por outro lado, dificilmente uso alguma pontuação no final - o que também é outra recomendação. E também sempre prefiro as construções afirmativas, porque “o leitor quer saber o que aconteceu, e não o inverso”, conforme explica Anabela Gradim, da Universidade da Beira Interior, em seu Manual de Jornalismo. Ela completa: “e interrogativos, que sugerem que o jornal veicula rumores ou boatos”, portanto, nada de interrogações: “o jornal informa, responde às perguntas dos leitores, tira a limpo rumores e, portanto, não os veicula”.
http://bocc.ubi.pt/pag/gradim-anabela-manual-jornalismo-2.html

Outra dica do que se deve evitar: parêntesis, ponto e vírgula, ponto final e reticências. Mas ainda podem ser utilizados, de forma comedida, a vírgula, o travessão e os dois pontos. “Os títulos não fazem trocadilhos, não brincam com as pessoas ou com os cargos que ocupam, nem servem para mandar recados”, explica o Manual.

A máxima a ser lembrada é que bom o título é aquele que cativa e prende a atenção dos diversos tipos de leitores. Afinal, muitas vezes quem está apressado apenas passa o olho nas chamadas das matérias e nas fotos.


Para finalizar, uma reflexão:

"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.

Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa.

A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."
 
Graciliano Ramos

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